Microrganismos são as menores formas de vida considerando-se que só podem ser vistas por meio de instrumentos como o microscópio e representam a maior parte da matéria viva do nosso planeta. Em geral, são constituídos por uma única célula ou por um pequeno grupo de células e, embora não sejam ‘vivos’, os vírus também são objeto de estudo da microbiologia. Pertencentes a um mundo invisível a olho nu, os microrganismos têm sido peça fundamental no desenvolvimento e manutenção da vida em nosso planeta tal como o conhecemos há bilhões de anos.
A diversidade de microrganismos é muito ampla, mas graças ao desenvolvimento de ferramentas moleculares, eles podem ser classificados em três categorias principais: bacterias, Archaea e eucaria.
Como o próprio nome indica, inclui células bacterianas que pertencem ao grupo dos procariontes. Eles são procariotos, portanto não possuem núcleo ou outras organelas. Sua morfologia celular é variada, sendo comum encontrar na natureza ‘cocos’ (células esféricas), ‘bacilos’ (células em forma de bastão), ‘vibriões’ (células curvas) e ‘filamentosos’ (células alongadas como fios). Eles têm uma membrana celular semipermeável feita de fosfolipídios, e muitas espécies têm uma “armadura” conhecida simplesmente como parede celular que envolve a membrana plasmática. Essa parede é construída por um polímero chamado peptidoglicano formado pela união de peptídeos e açúcares que é resistente ao estresse mecânico e químico.
Muitas bactérias são equipadas com ‘flagelos’ que lhes dão a capacidade de se mover. São estruturas finas presentes de forma unitária ou múltipla, usadas para se moverem em meios líquidos.
Possuem um cromossomo circular no qual se encontra toda a informação genética para se reproduzir, interagir com o ambiente e eventualmente evoluir. Possuem mecanismos que lhes permitem gerar e compartilhar genes de resistência entre membros da mesma espécie e com outras espécies para sobreviver contra agentes químicos como antibióticos.
Assim como as bactérias, as archaea fazem parte do grupo dos procariotos, pois também não possuem núcleo ou organelas. No entanto, existem aspectos moleculares e fisiológicos que os tornam diferentes o suficiente para terem seu próprio grupo.
Ao contrário dos eucariotos e das bactérias, cuja membrana é formada principalmente por fosfolipídios, as membranas das archaeas são formadas por unidades de isopreno que, dependendo de como estão organizadas, são resistentes ao calor e à salinidade, por exemplo.
São um grupo interessante no sentido metabólico porque podem obter energia a partir de substâncias inorgânicas, vivem em ambientes extremos a temperaturas superiores a 80ºC, com elevada concentração de sais ou locais com elevada acidez.
As células eucariontes são maiores que as procariontes, possuem um núcleo que protege o material genético e uma série de organelas membranosas especializadas em funções metabólicas que fornecem energia, constroem proteínas, transportam substâncias, entre outras coisas. Os microrganismos que representam esse grupo são algas, protozoários, fungos e microatrópodes como os ácaros.
Os microrganismos são cosmopolitas, ou seja, podem ser encontrados em uma grande variedade de ambientes como solo, água, plantas e animais. Embora conheçamos alguns considerados patógenos, a maioria das espécies de bactérias, archaea, fungos e protozoários fazem parte de processos complexos que impactam, por exemplo, na agricultura ao fixar nutrientes no solo, ao transformar matéria orgânica em compostos que podem ser utilizados por animais ou plantas, e fazer parte das teias tróficas que mantêm os ecossistemas do nosso planeta.
A descoberta dos microrganismos abriu uma porta para pesquisas que nos permitem utilizá-los como ferramentas que facilitam nosso dia a dia, resolvem problemas industriais e médicos e entendem como a atividade humana impacta a natureza.
No contexto humano, os microrganismos são de interesse na indústria alimentícia, seja como agentes úteis para produzir e conservar alimentos ou no sentido contrário, elementos indesejáveis na produção que podem contaminar e causar prejuízos milionários. Algumas espécies despertam interesse clínico pois são causadoras de doenças, já outras são de maior interesse energético quando utilizadas na produção de biocombustíveis como as arqueias metanogênicas. Além disso, microrganismos podem ser usados para remover contaminantes do solo e da água, um processo conhecido como biorremediação.
Os microrganismos fazem parte da civilização humana desde os seus primórdios, pois foram utilizados para a produção de alimentos e foram associados às epidemias que marcaram a história, mesmo sem o pleno conhecimento de sua existência. Isso mudou no século 17, quando pessoas como Anton van Leeuwenhoeck e Robert Hooke inventaram aparelhos que deram origem ao microscópio e foram os primeiros a observar microrganismos em gotículas de água, o que abriu as possibilidades de investigar sua natureza, sua associação com doenças e o desenvolvimento de vacinas, dando assim origem à microbiologia como uma ciência formal.
Artigo de: Rodrigo Arredondo Fernández. Graduado em Biologia pela UNAM. Experiência em pesquisas sobre microbiologia de alimentos fermentados tradicionais.
Referencia autoral (APA): Arredondo Fernández, R.. (Junho 2023). Conceito de Microrganismos. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/microrganismos/. São Paulo, Brasil.
