Conceito de Flor

David Alercia | Fevereiro 2024
Licenciado em Biologia

As flores são órgãos reprodutivos que têm a dupla função de transportar e proteger os órgãos formadores de gametas das plantas e atrair polinizadores, para garantir a fecundação ou polinização cruzada (uma planta poliniza ou outra, sendo o oposto da autopolinização, onde uma planta poliniza em si). As flores desempenharam um papel crucial na evolução das plantas e na diversificação da vida na Terra.

FlorEstamos tão habituados ao fato de a maioria das plantas ter flores, que nos escapa que nem sempre foi assim na história da vida. As flores surgiram como uma novidade evolutiva nas plantas há relativamente pouco tempo, dentro do período geológico da evolução. Mas nem todas as plantas do reino Plantae possuem flores, mas sim exclusivas de um grupo de plantas: angiospermas ou, simplesmente, plantas com flores.

Estrutura de uma flor

As flores possuem uma estrutura na qual todas as suas partes estão orientadas para cumprir sua função reprodutiva.

As estruturas externas, sépalas e pétalas, são estéreis, mas formam o cálice e a corola respectivamente. O cálice e a corola protegem as partes férteis da flor, e geralmente apresentam (principalmente as pétalas) cores e padrões de cores responsáveis por atrair polinizadores.

Os órgãos reprodutivos das flores são o androceu e o gineceu. O androceu é composto por estames. Cada estame é um longo filamento com um saco na ponta. Essas bolsas são os órgãos reprodutivos masculinos e são responsáveis pela produção de pólen. Já o gineceu, que tem o formato de uma garrafa ou de um longo tubo no centro da flor, é o órgão reprodutor feminino. A extremidade do gineceu, o estigma, recebe o pólen. Assim que o pólen atinge o estigma, inicia-se a fertilização, que levará ao desenvolvimento de um embrião e de uma semente; isto é, uma nova geração de plantas.

Nas flores perfeitas há androceu e gineceu. Embora este tipo de flores possa se autofecundar, existem adaptações nas flores que evitam isso.

Normalmente, os estames e o gineceu amadurecem em momentos diferentes, garantindo que o gineceu não seja receptivo quando os estames da mesma flor liberam pólen.

Já as flores imperfeitas possuem apenas um tipo de órgão reprodutor: possuem androceu e são flores masculinas ou gineceu e são flores femininas.

As flores podem aparecer isoladas ou em grupos de pequenas flores chamadas inflorescências.

A inflorescência parece uma estrutura floral única, mas, na verdade é composta por uma infinidade de pequenas flores. Girassóis ou margaridas, por exemplo, são inflorescências: cada uma das “pétalas” do girassol é, na verdade, uma flor, e a coroa central é composta por centenas de flores em formato de tubo.

História: as primeiras flores

As primeiras plantas com flores surgiram no período Cretáceo, cerca de 130 milhões de anos atrás. Antes dos dinossauros, nenhum animal vivo na Terra via flores.

Estas plantas transformaram a paisagem, não só lhe dando cor. As flores abriram toda uma gama de novas possibilidades ecológicas para as plantas, permitindo-lhes viver onde nunca puderam antes.

Atualmente, as angiospermas são o grupo dominante de plantas em quase todos os ambientes da Terra e nas águas interiores. Não existem angiospermas no oceano e poucos ambientes, como a Taiga, ainda são dominados por gimnospermas e líquenes.

Como funciona o processo de polinização

As plantas se reproduzem sexualmente por meio da polinização. Nesse processo, o pólen, que é o gameta masculino das plantas, é transportado para as estruturas reprodutivas de outra planta, onde está localizado o gameta feminino. Se o pólen atingir as estruturas corretas (ou seja, da mesma espécie), ocorre a fertilização.

A evolução das flores deu às plantas uma vantagem evolutiva crucial. Antes de terem flores, as plantas dependiam muito do vento ou da água para se reproduzir. O pólen foi liberado em grandes quantidades ao vento, e a polinização ocorreu quando o vento carregou o pólen de uma planta para outra. Este método ainda é usado por gimnospermas, como as coníferas.

Nas coníferas, por exemplo, os cones masculinos liberam pólen no ar e este é transportado para os cones femininos de outra conífera próxima. Mas esta forma de polinização é ineficiente: requer a produção de grandes quantidades de pólen e depende das correntes de vento. A planta não tem garantia de que o pólen chegará a outra planta ou se perderá para sempre.

Com as flores, o processo de polinização tornou-se mais eficiente e específico. Agora, as plantas usam insetos para transportar o pólen de uma flor para outra da mesma espécie. As flores possuem padrões e aromas distintos e também produzem uma substância açucarada: o néctar.

O néctar, as cores e o perfume atraem insetos. Os insetos desenvolveram preferências por determinadas flores, descartando outras. Assim, quando o inseto visita a flor para obter néctar, a planta a cobre com pólen. Quando o inseto visita outra flor (que provavelmente é outra da mesma espécie, pois o inseto sempre procura um tipo específico de flor que lhe agrada), ele deposita involuntariamente o pólen que carrega.

O inseto ganha uma doce recompensa e a planta ganha um mecanismo de polinização muito mais eficiente, não precisando mais gerar grandes quantidades de pólen ou liberá-lo ao vento na esperança de que o vento o carregue até as estruturas reprodutivas de outra planta. Essa coevolução forjou a história das plantas e dos insetos. Alguns outros animais, como certas aves e alguns morcegos, alimentam-se de néctar, mas os principais polinizadores ainda são os insetos.

Artigo de: David Alercia. Licenciado em Biologia pela Universidade Nacional de Córdoba, especializado em gestão ambiental, trabalha com turismo científico.

Referencia autoral (APA): Alercia, D.. (Fevereiro 2024). Conceito de Flor. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/flor/. São Paulo, Brasil.

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